Seguindo o texto anterior, manteremos o foco na saúde mental associada à teoria psicanalítica. Já vimos como alguns hábitos podem melhorar a nossa vida. Agora, destacamos outros que podem refletir conflitos internos, mecanismos de defesa ou desejos inconscientes não elaborados, que podem prejudicar esses esforços.

• Mecanismos de defesa: muitos hábitos negativos podem ser entendidos como estratégias inconscientes para lidar com conflitos internos ou ansiedades. Por exemplo:
  • procrastinação – pode ser vista como uma forma de resistência inconsciente, onde adiamos tarefas para evitar enfrentar sentimentos de inadequação ou medo do fracasso.
  • comportamentos autossabotadores – podem ser uma expressão do conflito entre o desejo de sucesso e crenças inconscientes de que não somos merecedores.
• Repetição compulsiva: segundo Freud, a repetição de comportamentos prejudiciais pode ser uma tentativa inconsciente de reviver e superar traumas ou conflitos não resolvidos. Por exemplo, uma pessoa que entra repetidamente em relacionamentos tóxicos pode estar tentando, inconscientemente, resolver experiências emocionais passadas.
• Superego punitivo: hábitos como autocrítica severa ou perfeccionismo extremo podem ser influenciados por um superego excessivamente rígido, que impõe padrões impossíveis de serem alcançados, causando sentimento de culpa e frustração.
• Busca por gratificação imediata: comportamentos como vícios ou consumo excessivo de redes sociais podem estar relacionados ao “princípio do prazer” (governado pelo id), buscando aliviar imediatamente o desconforto emocional, mas negligenciando consequências de longo prazo.
• Resistência ao autoconhecimento: em alguns casos, evitar práticas introspectivas, como a terapia, pode ser uma forma de evitar confrontar verdades emocionais dolorosas armazenadas no inconsciente.

Às vezes, mudar não depende apenas da vontade, mas de processos psíquicos profundos. Para alterar um comportamento com a psicanálise, é essencial entender e conhecer esses processos internos.